Jardins Filtrantes

Desenvolvimento econômico do Recife, inovação e meio ambiente são pautas que são trabalhadas juntas.  

 

Na sexta feira dia 31 de março de 2023 a secretária de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Inovação do Recife, Joana Portela Florêncio, participou da  inauguração dos primeiros Jardins Filtrantes de Pernambuco.

O projeto, que é considerado uma tecnologia sustentável e de fácil manutenção, vai contribuir no processo de despoluição do Riacho do Cavouco, um dos mais importantes da Zona Oeste do Recife. A iniciativa, projeto-piloto do CITinova, do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, é financiada pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente e é executada pela gestão municipal em parceria com a Agência Recife para Inovação e Estratégia (ARIES) e com o Porto Digital.

A tecnologia dos Jardins Filtrantes do Parque do Caiara é semelhante à utilizada no Rio Sena, em Paris, na França, e trata-se de uma técnica única, onde espécies cuidadosamente selecionadas associam suas raízes aos microrganismos existentes nos substratos dos filtros para, juntos, exercerem a remoção de poluentes. Com isso, são transformados radicais compostos de nitrogênio e fósforo, compostos orgânicos, metais e outros componentes bioquímicos, que poluem os efluentes, em elementos absorvíveis pelos vegetais ou biologicamente inertes obtendo, assim, a depuração completa.

  •  O Prefeito João Campos, que visitou o local, incentivou a população a conhecer a nova tecnologia e ponto de lazer da cidade. “O primeiro Jardim Filtrante do Recife tem uma tecnologia francesa, na qual parte da água do Riacho do Cavouco passa e sai tratada, depois de passar por cinco jardins. Essa inauguração mostra que podemos inovar e fazer as coisas de forma diferente na nossa cidade. Além de ter um impacto ambiental super positivo, de tratar essas águas, é, sinceramente, o jardim mais bonito que eu já vi no Recife. Vale a pena conferir e ver como essa tecnologia está sendo bem aplicada na cidade”, disse. 

 

TECNOLOGIA - O Jardim Filtrante é uma tecnologia criada na França pelo arquiteto paisagista Thierry Jacquet, que, durante seus estudos, percebeu que as plantas eram amplamente utilizadas por cientistas em pesquisas para o controle da poluição. Assim, ele aplicou a técnica de fitorremediação para desenvolver soluções sustentáveis. Para o caso do Rio Sena, em Paris, foi criado pelo arquiteto, através de sua empresa, a Phytorestore, um parque filtrante que purifica as águas do Sena, liberando água limpa para oxigenação do curso d’água sempre que necessário (após grandes chuvas que lavam a cidade, por exemplo), permitindo a recuperação do efluente de forma natural.

 

A fitorremediação ocorre por meio de tanques com diferentes configurações, escavados no solo, impermeabilizados e preenchidos com substratos específicos. Na superfície dos substratos são plantadas espécies vegetais que promovem o tratamento em uma zona de raízes. Trata-se de um sistema natural, não há aplicação de nenhum tipo de agente químico artificial, ou microrganismo exógeno no processo.  

 

“É uma solução baseada na natureza. Os tanques contém pedras e plantas que se alimentam de água e que são específicas, escolhidas de acordo com os poluentes presentes. As raízes vão absorver as substâncias que são tóxicas para os peixes e para a própria água, mas que são  fonte de alimento para as plantas. E os filtros de pedra vão reter partículas de poeira e areia. Além disso, é uma uma solução paisagística, o jardim é muito bonito e atrai turismo, movimentando também a economia local”, explicou Renato Lins, engenheiro civil e gerente do contrato do projeto.

 Uma vez construído e plantadas as espécies vegetais, os microrganismos responsáveis pelo tratamento se proliferam na zona de raízes naturalmente, requerendo manutenção periódica de baixo custo. Os Jardins Filtrantes são lugares públicos e paisagísticos que integram a biodiversidade da fauna e flora locais. Eles podem constituir um meio natural pedagógico dentro de um parque público, tendo impacto direto na conscientização da população e a relação com o rio.

 

CITinova - É um projeto multilateral realizado pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) para a promoção da sustentabilidade nas cidades brasileiras por meio de tecnologias inovadoras e planejamento urbano integrado. Com financiamento do Fundo Global para o Meio Ambiente (GEF, na sigla em inglês), a iniciativa é implementada nacionalmente pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA).

 

ARIES - A Agência Recife para Inovação e Estratégia (ARIES) é uma Organização Social privada, independente e apartidária, sem fins lucrativos, com o papel de, em nome da sociedade e para a sociedade, colaborar com a construção do futuro da cidade, tendo como norte, sempre, o longo prazo. A ARIES tem como propósito atuar estrategicamente como elo entre a sociedade, poder público e setor privado, contribuindo, a partir do Recife, para o desenvolvimento de cidades inovadoras, sustentáveis e menos desiguais.